Listas de final de ano e Mountolive

 Final de ano e começo de ano são momentos propícios para fazer listas de leitura, de livros a ler, esperançosamente, no ano que se inicia. A finalidade das listas, para mim, é serem referência, sem a obrigação incontornável de iniciar ou terminar todas as leituras selecionadas. Sim, confesso que tenho, desde sempre, o - mau? - hábito de largar uma leitura tão logo o estilo do autor esteja por mim bem compreendido. Dificilmente um enredo me absorve. Estive revendo a lista dos livros memoráveis da vida, e são, para minha surpresa, poucos. As passas no manjar branco. Para quem gosta de passas. Ou as gotinhas de chocolate. 

Considero, aqui, a perspectiva pessoalíssima da apreciação da leitura literária. Mas também sei, já fiz, farei novamente, resenhas de livros com finalidade profissional, didática, crítica, filosófica, humanística, etc. 

Neste final-início de anos, então, retomei a leitura do Quarteto de Alexandria. TIve que reler Balthazar, porque há tempos largara a leitura. Justine já reli várias vezes. Comecei a ler em inglês, pois meu pai trouxera de presente - a meu pedido - em uma rara viagem a trabalho para os Estados Unidos. Mas na época meu inglês era insuficiente para a empreitada. Sem problemas, em alguns poucos anos de dedicação tornou-se perfeitamente suficiente. Atualmente, leio mais em inglês do que em português, por um simples motivo: minha atenção é mais concentrada quando leio no idioma estrangeiro. 

Sim, apesar de ter navegado com certa tranquilidade nas águas acadêmicas, sempre tive atenção dispersa e interesses arborizados, domados por vários recursos metacognitivos que improvisei com esforço ou ludicidade. 

Tudo isso para dizer, brevemente, sobre algumas impressões da leitura recente de Durrell. Nas minhas divagações de insônia criativa, pensei apenas o seguinte: alguns dos personagens são personagens-de-ponto-de-vista, como Darley, Balthazar, os semi-duplos Arnault e Pursewarden ... talvez Clea, neste momento ... Pombal, Keats, Amaril ... personagens sem muito interesse. Já outros são personagens - para minha apreciação - mais interessantes, justamente, talvez, pelos seus defeitos: Justine, Scobie, Narouz ... aparecem mais concretamente, têm perspectivas e arestas ... Clea, talvez, ainda seja interessante, promete ... ainda não cheguei no último volume, então depois comentarei - se me lembrar (atenção dispersa, notem). Bom, talvez para o projeto de Durrell, os personagens-pontos-de-vista sejam muito relevantes. Mas,  considerando como personagem que funciona como personagem, fico com meus estranhos selecionados. 

E.S. 

 





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