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Sherlock Holmes e a imaginação narrativa

  Dedução e imaginação narrativa O método dedutivo  de Sherlock Holmes é complexo, pois há várias facetas, a saber:  1. Observação. Dá valor aos pequenos detalhes, aquilo que as pessoas geralmente não prestam atenção ( trifles - minúcias).  2. Inferência.  Inferir as consequências  que decorrem dos fatos observados ou os expliquem.  3. Levantamento de possibilidades. Tirando o impossível, o que sobrar, ainda que improvável, pode ter ocorrido.  4. Formulação de hipóteses.  5. Imaginação narrativa.  6. Intuição. Quando os fatos e as deduções levam a um resultado possível, mas ele, ainda assim, sente que há algo errado. E por isso continua investigando, como no caso do Construtor de Norwood, em que inicialmente as pistas levavam a deduzir a culpa de John Hector McFarland, mas a intuição dizia que não era culpado.  David Stuart Davies, em Bending the Willow - Jeremy Brett as Sherlock Holmes , em que o fã sherlockiano entrevista Jeremy Brett e acompanha algumas produções de episódios da TV

Um livro de Café Filosófico

Não sei se ainda é moda, mas houve, assim como dos saraus, a época dos Cafés Filosóficos em São Paulo. Além de filosofia, propriamente, muitos outros assuntos poderiam ser debatidos, como psicanálise, sociologia, atualidades ... desde que fosse uma prosa gostosa, mas também pertinente. O livro Café Philo de Le Nouvel Observateur - as grandes indagações da filosofia traz artigos curtos de um café filosófico francês. As grandes indagações cobrem áreas como Natureza, Amor, Estado, Memória, Razão, Responsabilidade, Liberdade ... Ao todo são 18 temas, cada qual com a exposição de um estudioso de filosofia, e um pequeno texto adicional sobre o filósofo ou filósofa referenciados.  É um livro de Jorge Zahar Editor traduzido para o português, já meio velhinho, mas atual.  Em clima de férias, resolvi reler e escolhi um dos temas, Razão. O apresentador é Gianni Vattimo, filósofo italiano que propôs o conceito de pensiero debole  (pensamento fraco). O texto de cada tema é bem curto, cerca de q

Mais 12 livros aleatórios e recentes

Gostei de fazer esse jogo das listas de virada de ano. Mais alguns livros que chamaram a atenção nos últimos dias. Quase todos são lançamentos recentes. Em português e em inglês,  mas vou separar por idiomas, para facilitar. Podem colocar sugestões de livros nos comentários, sempre gosto de saber sobre novos livros e antigos livros que não conhecia.  Português 1. Maquiavel, a democracia e o Brasil. Renato Janine Ribeiro.   2. A ralé brasileira. Jessé Souza. 3. Primeiro eles tomaram Roma. Como a extrema-direita conquistou a Itália após a operação mãos limpas. 2a. ed. David Bolder.  4. A Retórica. Brunetto Latini. Editora 34. 5. A arte da biografia. Como escrever histórias de vida. Lira Neto.  6. O coração é um caçador solitário. Carson McCullers. Carambaia.  [ficção, traduzido do inglês].  Inglês - English 1. Movements of thought: Ludwig Wittgenstein Diary - 1930-1932 and 1936-1937. Edited by James C. Klagge and Alfred Nordmann.  2. Philosophy Illustrated. Helen de Cruz.  3. Global Disc

Ainda Durrell e miscelânea, lista de 12 livros

  Quarteto de Alexandria. Justine, Balthazar, Mountolive, Clea. Não direi que não há defeitos nos livros, certamente há, além daqueles que Jan Morris levanta (excelente artigo no The Guardian, sobre reler Lawrence Durrell). Eu diria que há o orientalismo, mas também há o encantamento. Aceitemos que há defeitos, mas fiquemos com o encantamento. Ah, mas não pode . Pode sim, eu e minhas raízes orientais consideramos que é uma obra de ficção de seu tempo, e que continua encantando.   Descrições da cidade, da paisagem, Geralmente não leio, pulo descrições em livros, o máximo que der. Mas as de Durrell eu sorvo, elas encantam, inebriam. Outros autores que têm descrições belas e precisas: Luandino Vieira, Selma Lagerlöf. Para minha sensibilidade, que geralmente detesta descrições, esses são manjares.  Engraçada foi Agatha Christie, que em vez de descrever um local exótico em que se passa a história de um de seus livros, mandou o leitor ir procurar a respeito, em guias de viagem e jornais - na

Listas de final de ano e Mountolive

 Final de ano e começo de ano são momentos propícios para fazer listas de leitura, de livros a ler, esperançosamente, no ano que se inicia. A finalidade das listas, para mim, é serem referência, sem a obrigação incontornável de iniciar ou terminar todas as leituras selecionadas. Sim, confesso que tenho, desde sempre, o - mau? - hábito de largar uma leitura tão logo o estilo do autor esteja por mim bem compreendido. Dificilmente um enredo me absorve. Estive revendo a lista dos livros memoráveis da vida, e são, para minha surpresa, poucos. As passas no manjar branco. Para quem gosta de passas. Ou as gotinhas de chocolate.  Considero, aqui, a perspectiva pessoalíssima da apreciação da leitura literária. Mas também sei, já fiz, farei novamente, resenhas de livros com finalidade profissional, didática, crítica, filosófica, humanística, etc.  Neste final-início de anos, então, retomei a leitura do Quarteto de Alexandria. TIve que reler Balthazar, porque há tempos largara a leitura. Justine j